segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

De coisas do fundo da gaveta #4 - Pablo

Pablo
Há algum tempo venho criticando a atitude de minha irmã mais nova. Ela tem doze anos, mas ainda se fecha em alguns incompreensíveis comportamentos infantis, como pirraças e a estranha forma de tratar os meninos como extraterrestres. Uma vez que eu sempre tive mais amigos que amigas, essas atitudes me parecem muito esquisitas.
Outra coisa de que sempre reclamo é a falta de familiaridade da pequena com livros, o que eu, como leitora inveterada desde os 4 anos de idade, considero um insulto pessoal. Ela já está no segundo livro da semana, então esse assunto eu posso descartar por um tempo, mas a infantilidade ainda me irritava profundamente. Até ontem.
Temos 3 vizinhos novos no prédio e, embora estejamos nos reunindo para comemorar o Natal, ainda não conhecemos todos. Isso inclui nossos únicos vizinhos de andar que, até ontem, chamávamos de “os italianos” porque – adivinhem- eles falam italiano.
O único vislumbre de comunicação com eles acontecia quando minha irmã e meu pai se divertiam observando a carinha medrosa do gato deles na nossa janela, se escondendo assim que os via, mas voltando a olhar devagarzinho, curioso.
Bem, acontece que anteontem à noite, enquanto meu pai levantava para tentar fazer algo em relação aos mosquitos que parecem querer devorar os branquelos como ele, viu um vulto na sala. Chegando mais perto, percebeu que era o tal gatinho. Tentou atrair o bichano, mas esse fugia, com medo.
Míope convicto, meu pai resolveu buscar os óculos para tentar pegar o bichinho mas, quando voltou à sala, ouviu um barulho e o dito cujo não estava mais lá. Correndo até a janela, por pensar que o gato havia caído, meu pai até olhou para baixo (moramos no terceiro andar), mas não o viu. Presumiu, então, que o bichano havia voltado pra casa.
No dia seguinte, recebemos a visita desesperada da dona do gatinho (Pablo é seu nome - nome do gato, não da dona), perguntando se havíamos visto o bichano. Procuramos em vão aqui em casa e minha irmã, como toda criança que se preza, se ofereceu para ajudar a procurá-lo no térreo.
Com a oportuna informação de que o bichano só entendia italiano, saíram (minha irmã, a dona e o filho) a gritar Andiamo, Pablo, sem nenhuma resposta. Minha irmã chegou a propor a procura no pequeno compartimento embaixo das escadas do prédio, mas o porteiro afirmou que o gato não poderia passar pela porta.
Ao voltar, sem achar nem sinal do bichinho, minha irmã veio ralhar comigo por não ajudar a procurar, o que eu retruquei dizendo que havia ajudado a procurar aqui em casa, embora soubesse que ele não estava aqui.
A essa afirmação de incredulidade, a pequena disse: “ Mas assim você nunca ia achar, sabendo que ele não estava! Você tem que procurar querendo que ele esteja lá!!”
Ouch!
Depois dessa bronca muito bem dada pela pequena, resolvi pedir a Deus (querendo que ele atendesse) que o Pablo fosse encontrado.De qualquer maneira, pensei, ele já fez o que tinha que fazer, nos apresentou a nossos vizinhos...Agora Você pode deixá-lo voltar, ok?
Hoje de manhã, ao sair de casa, perguntei ao porteiro se haviam achado o gatinho. Ele disse que sim, o bichano havia se escondido no cômodo sugerido pela pequena. Eu sorri de lado e aprendi duas lições muito importantes.
Que pedir só funciona se você acreditar que vai ser atendido.

E que infantilidade não é tão ruim assim.

domingo, 29 de dezembro de 2013

De coisas do fundo da gaveta #3

É curioso como diversas pessoas têm lembranças diferentes de um mesmo fato.Como uma palavra que ficou guardada na memória de uma pessoa pareça tão insignificante para outra que, por sua vez, recorda nitidamente a cor da camisa daquele que proferiu a palavra.
A vida é um grande livro de poesia abstrata...Os poucos que se dão ao trabalho de tentar entendê-la têm tão distintas interpretações do seu sentido que não se sabe se qualquer um deles tem razão.

Pode ser que a vida seja feita para não ser entendida...


Em comic sans e com a fonte deste tamanho pois foi exatamente como encontrei nos meus arquivos. Nao sei o que estava pensando, mas enfim.

sábado, 28 de dezembro de 2013

De coisas do fundo da gaveta #2



         Às vezes é preciso escrever sobre algo que não sentimos... Escrever sobre um amor que não se tem, sobre uma infância extremamente diferente da sua, sobre uma vida que não se viveu. Mas de maneira nenhuma se escreve apenas sobre o que gostaríamos de ter e não temos... Escrevo sobre a estrada não tomada não só em minha vida, mas em vidas de pessoas que não conheci... Simplesmente porque viveram e, tendo vivido, abriram no espaço de minha mente um buraco negro com infinitas possibilidades de escolha, levando à felicidade, ao desespero, à morte, ou à mediocridade... Entre estas, a pior é a mediocridade.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

De coisas retiradas do fundo da gaveta #1

Entao... acabei achando umas coisas velhas e esquecidas nos meus arquivos na hora de fazer a faxina desse ano... e vou postar algumas delas aqui. 



#1 - De Clarice e (não) de mim

Estava lendo Clarice- e Clarice sempre me surpreende ao escrever as coisas com a simplicidade de quem as sente e nos fazer sentir que era algo tão simples e natural que nós mesmos deveríamos ter escrito, mas não o fizemos – e lembrei-me de uma piadinha de escola em que eu era chamada de Clarice.
Nunca soube se pela comum incapacidade de compreensão dos meus colegas tanto a Clarice quanto a mim (o que não é de modo algum insulto à inteligência deles, é antes afirmação de minha própria incompreensibilidade. Tampouco é pretensão minha comparar-me a Clarice, como logo explicarei), ou se pela influência que a autora tem, muitas vezes, nas minhas incursões literárias, ou se por alguma estranheza quanto ao mundo que às vezes me acomete e transborda dos meus dedos e olhos.
Foi, enfim, pensando nessa comparação e lendo uma coletânea fantástica de Clarices (que cada vez mais se multiplicam e ainda assim formam um todo inseparável e quase palpável pra mim, mas antes de tudo, etéreo) que resolvi defender-me do apelido ou, antes, defender Clarice.
Já disse várias vezes – e pensei outras tantas – que meus escritos são perceptivelmente influenciados pelos autores que li, em especial os que estou lendo no momento. Portanto, se esse texto sair meio clariceano, não tentem encontrar a chama de Clarice em mim, antes aceitem que a chama de Clarice é de Clarice, e eu sou o pires que meramente reflete a chama, sem ser vela.
Isso dito, não posso ser comparada a Clarice, porque me falta algo. Ou a ela falta algo. Ou ainda, nada falta a mim nem a ela, e exatamente por isso não somos comparáveis.
Clarice, ao que me parece (que é retirado de uma imagem do que me retratam suas palavras, e seus caminhos e seu sorriso torto e olhar vago e profundo que eu vislumbrei em uma gravação de entrevista) viveu em profundo contato consigo mesma, sem por isso tentar se explicar ou se compreender, mas, acima disso, ela tentava se exprimir. Eu tendo a buscar em mim razões de ser quem sou e me entender, e me analisar, o que pode ser bom ou não. E, no meu caso, são ambos.
Clarice tinha olhos abertos desde pequena, e ainda que visse o essencial e o amplo, ainda sim via o aparente e o restrito, e punha ambos em contato e os misturava e os distinguia, sem se perder, ou a eles. Meus olhos se abrem aos poucos, e me revelam coisas tão absurdamente óbvias, que quase me envergonho de ter vivido tanto sem as ter notado.
Clarice tinha ânsia de escrever, e conhecia a magia das palavras que saem de nós e nos são filhas e nos rejeitam: foram nossas apenas no breve período em que as gestamos, da ponta da mente à ponta do dedo. Depois disso são alheias a nós, e nos repelem, e nos são estranhas. Essa, aliás, talvez seja a única semelhança entre nós.
Clarice escrevia. E isso por si só é motivo final e absoluto. Eu penso e, covarde e preguiçosa e má, deixo as palavras se esgotarem em mim. São abortos voluntários que me doem, mas uma vez perdidos e longe do papel, não mais posso voltar atrás. Justo eu, que gosto tanto da vida, em especial daquela que não é só minha pra se manter.


 E tanto mais eu poderia falar, e tanto mais eu poderia pensar que me separam e nos diferenciam. Mas a mera tentativa de comparação com ela já me é tão pretensiosa e exagerada, que me limito aqui, já surpresa com a ousadia de ter escrito esse tanto.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Only if you read...

Hoje minha vontade era a de ficar o dia inteiro na cama. Nem quis ir ao frances, que eu amo. Na verdade, não queria ver pessoas hoje. Acho que preciso urgentemente de férias daquele tipo em que a gente fica com tédio de não fazer absolutamente nada.
Quem diria que a menina da agenda cheia ia querer dias tediosos.... mas eles eram os meus bem produtivos, naquele finzinho de ferias em que a gente anseia pelas aulas e fica inventando coisas estupidas pra fazer em casa... Foi assim que eu comecei a desenhar com cursos da internet, a fazer mosaicos, o belo ócio produtivo.

Mas, como eu fiquei o dia inteiro na cama, li inteirinho o livro que o Mau me emprestou na ultima gathering. (recurso textual de jogar pessoas e palavras que fazem sentido pra mim em um texto em que nao farão sentido para as pessoas em geral. Ou não. ninguém lê isso, anyways.)

Bom livro, na verdade, não tenho opinião formada sobre ele. Ou talvez tenha. Min é meio arrogante com suas citações pretensiosas de filmes que eu não vi, que fazem sentido pra ela mas me deixam sempre a margem de algo, achando que entendi as comparações mas sentindo que algo me escapa pelos dedos. E eu a entendo e tenho raiva dela, tão parecida comigo que me enoja. Ela e sua mania de contar toda boba sobre a história do seu nome e tudo mais.

E fiquei assim, com essa sensação estranha de muitas palavras dentro da boca, em um espaço pequeno, e não dá pra mastigar o suficiente pra engolir, nem tem como cuspir, como daquela vez em que eu estava no carro de uma vizinha subindo ladeiras e ladeiras e fiquei enjoada e comecei a vomitar, mas fechei a boca com força e as duas mãos pq nao queria vomitar ali dentro e comecei a sufocar e nao ia engolir aquilo de novo -eca- e o vômito começou a sair pelo meu nariz e eu tive que fazer gestos pra ela parar o carro. Não ria. Foi nojento e horrível e vergonhoso e ainda posso sentir aquele feeling, como diria a Min.

Por isso a gente acabou me deixou assim, com palavras na boca que nao quero que saiam nem quero engolir, e elas ficam querendo pular pelo meu nariz, mas ja estao tao destroçadas que mesmo que saiam nao vou saber reconhece-las.

Vou mudar de metáfora que esta ja está me enjoando. Não foi meio o que eu senti quando li Paper Towns... Paper Towns parece querer fazer com que você se identifique com o Q, e sua mania de enxergar a si mesmo quando olha pros outros e essa obsessão por momentos incriveis e aventuras que ele acha serem os desejos da Margo, mas que no fundo são seus próprios desejos, como a realização que ele sente em sair em sua aventura no dia da formatura. Como o Gus e seus sanduíches horríveis com ressonancias metafóricas.

E eu geralmente me identifico com esse cara que acerta e erra e de quem vc conhece os pensamentos mais intimos (por cara eu quero dizer meninos e meninas... pode ser a fingidora Isabel de A Marca de uma lagrima, pode ser o Harry ). Mas não em Paper Towns.

Ali eu me senti mais Margo, que todos imaginam ser alguem incrivel mas que nao consegue nem saber quem é, que não quer aquela atenção desatenta, que ve sempre a si mesmo e nunca a ela, mas que também não é capaz de se deixar perceber direito as coisas ao seu redor. Sou mais Margo que Min, bem mais, mas ainda estou com aquela sensação esquisita de não ser nenhuma das duas. De na verdade não ser ninguém. Nem a personagem na mente de um autor eu acho mais que sou - aquela que varias vezes fantasiou ser Hilde de um Josteein Gaarner da vida.

Talvez eu não ache de verdade que não sou ninguém. Eu devo ser um alguém. In fact, quase todo mundo o é. Só acho que o alguém que eu sou ta meio perdido por ai, vagando e fugindo de mim... Sombra do Peter Pan sem alguém que a costure de volta.

E eu voando de janela em janela, de livro em livro, tentanto encontrar um encaixe perfeito que faça sombra em mim.

Chega de devaneios por hoje.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

De um dia cansado





Cansaço

Do que se cansas,
Se não fazes nada fora do comum?
Talvez te canse exatamente isso
Talvez justo o fato rotineiro te canse

Cansa-te o contínuo passar do tempo?
Como se todos os dias fossem um só?
E, por isso, parece-te que a cada dia que passa,
Mais longe está o dia do retorno?

Concordo com você, dia cansado.
E sei o teu mal:
- O que te cansa é a saudade.

(escrito em 2011)

terça-feira, 16 de abril de 2013

Failing hard - BEDA #13-14-15

So, I admit it.
I'm failing this BEDA. Failing really hard.
But this time, instead of quitting, I decided to embrace my failure and go on.
I can do that.

So... these are the lyrics to my most recent song. it's based on a book called Where the river ends, and I'm in love with it for a couple weeks now. Just hope the author doesn't get mad, and that I'm not breaking any copyright laws...

(yes, I plan on posting a video of me singing it. When? Nice question. )




I’ll take us down down down
    where the river ends


  You will ride on a wooden horse
Drink wine at the beach
Laugh until it hurts
catch like 57 fish

swim naked on a river
go looping on a plane
And if you dance all night with me
I’ll paint you all over again

I will try to make the sun
Stop turning around
And i’ll try to make our days
All we care about

I have never made a promise
I couldn’t complete
You’re the one to build a bridge
to the islands of me



As we go down down down
    were the river ends


Try to capture your life in ink
But you’re right inside of me
I see you play around those dolphins
‘till you get to the sea


I will try to make the sun
Stop turning around
And i’ll try to make our days
All we care about

I have never made a promise
I couldn’t complete
You’re the one to build a bridge
to the islands of me



when we went down down down
    were the river ends


I could spend all my days lying down
On the river by your side





sexta-feira, 12 de abril de 2013

De Beleza e respostas #BEDA 12

I've been thinking about prettiness and the way society makes us look at ourselves and our bodies and the way we are.

I find myself pretty beautiful and amazing, even if I'm not the way i'm told Beautiful was.

But I've been around people that struggle with the image they have of themselves.

So here are a couple videos addressing the subject.




quinta-feira, 11 de abril de 2013

De coisas e seus eixos - BEDA #11






Tem certos dias em que as coisas se encaixam tão perfeitamente
e tão delicadamente
que parece que os momentos são engrenagens bem lubrificadas
de um complicado relógio de corda
que rodam atreladas uma a outra sem necessariamente se tocarem
deslocando apenas o ar entre si
e movendo uma engrenagem bem trabalhada
que roda sem ruídos,
encaixe a encaixe, manipuladas por um simples mover de manivela
uma manivela invisível
um sopro suave
que alimenta os cataventos coloridos
que fazem de mim quem sou





quarta-feira, 10 de abril de 2013

De uma irmã - Sibling Day - BEDA #10


Eu passei  muito tempo importunando quem fosse necessário pra me arrumar uma. 
Papai e mamãe no geral, mas acho que não economizei uns pedidos a avós e babás.
É sério.
Fiz simpatia, reclamei, bati o pé, pedi, implorei, desde nem me lembro quando.
E quando fiz cinco anos, eu ganhei.
Bom, mais ou menos.

Ganhei um anúncio de que o presente ia chegar...depois de 9 meses.

É, eu queria uma irmazinha.

E ela veio, depois de uma espera enooorme pra uma criança de 5 anos.
Uma bonequinha branquinha dos cabelos negros e de bochechas vermelhas. Era minha própria Branca de neve.

Sabe como os bebês em geral, quando recém-nascidos tem aquela pele manchadinha com aparencia de linguiça crua? Não ela. Ela era a coisa mais fofa que meus pequenos braços já haviam segurado.
(E eu fui a primeira a segura-la, como premio de consolação por ter sido expulsa da sala de parto.)

E eu tive o privilégio de ver aquela bonequinha de carne virando gente, com seus primeiros dentes e as primeiras palavras, os primeiros passos e as primeiras destruições dos meu tão elaborados castelos de blocos de montar.

Pude ver o bebê passar de Furacão de Fraldas a Salsicha, de Uvinha a Florzinha, de Desdentada a Boca de lata,de Bailarina a Lobo bobo, de Ginasta a Sapateadora, de Maninha a Pequena e depois a Minha irmã.

E hoje, enquanto ela vai galgando seu proprio espaço e centímetro a centrímetro vai ficando maior que eu, percebo que estou vendo o presente que eu pedi só pra mim ser apreciado por outros, e não tenho nem um pouco de ciúmes. Tenho orgulho.

Orgulho coruja da minha irmãzinha (que de zinha não tem mais quase nada) que é mais dedicada do que eu jamais fui, que é extremamente talentosa, responsável, precavida, perspicaz, atenta e determinada. E rodeada de amig@s que eu espero que valorizem isso tudo (senão vou caçar cada um deles).

Então, acho que é isso, só queria dizer, neste Sibling's Day, que Eu te Amo, Cabeça! (Há muito tempo e desde antes de vc nascer, então posso ser chata pq eu tenho crédito. E pq sou sua irmã mais velha e tenho que manter minha reputação, né?)


terça-feira, 9 de abril de 2013

De uma ode - BEDA #9

Ode à inconstancia

Inconstancia querida
minha constante companheira
constantemente presente
parcialmente ausente
por vezes distante
as vezes ___



De palavras de outra pessoa - BEDA #8

Porque eu consigo falar, mas às vezes já falaram por mim....

Com a palavra, Mary Kate Wiles (atriz que interpretou Lydia Bennet em The Lizzie Bennet Diaries)




domingo, 7 de abril de 2013

De patins - BEDA #7

Então...

Da última vez que eu andei de patins eu deveria ter uns 12 anos.
Nunca soube andar muito bem, mas minhas vizinhas resolveram me ensinar.
A rua onde morávamos era uma leve ladeira, e havia sido asfaltada a pouco tempo.

Spoiler: essa história não vai dar em boa coisa.

Resumindo, me colocaram no alto da rua e me mandaram descer. Até aí foi ótimo, o problema foi que me deu vontade de parar (ok, me deu um leve desespero) e quem disse que eu conseguia levantar o pé e usar o freio?

Apenas gritei loucamente até que a irmã mais nova da minha vizinha resolveu me ajudar.
Eu parei na hora, de pé e tudo.
Ela rolou pelo asfalto. Not so good.

******************************** Fim do Flashbak**************************

Daí eu tenho visto esse pessoal alugando patins na Beira mar faz um tempo,e sempre tive vontade de ir, mas nunca dava certo, nem tinha companhia e tal.
Hoje deu certo, e eu fui com mais 3 amigos.
Os 3 relativamente melhores do que eu, MAS até que consegui andar e foi divertido!

(Ok, aqui eu tava segurando a mão dele, 
mas eu JURO que andei sozinha depois!)

E eu até poderia dizer que passei a noite livre de tombos, se eu não tivesse inventado de pegar carona no triciclo duplo que mamãe e maninha estavam pedalando.

(A titulo de clareza: imaginem uma menina de patins agarrada na traseira de um triciclo pedalado por duas pessoas. Sim, tava rápido. Sim, foi muito divertido. Sim, tá na cara que não ia dar certo.)

Acabei tropeçando numa falha do chão e sendo arrastada pelo triciclo até que meu amigo ao lado teve a brilhante ideia de me mandar soltar a traseira da parada. Soltei. E fui verificar os danos (um cotovelo levemente ralado, dois hematomas e uma calça nova imunda. Nada mal).

Ah, who cares, foi fantástico.

sábado, 6 de abril de 2013

De ... - BEDA #6










Tão claro e vasto
E imenso e inexplicável
A me olhar sem olhos, 
perscrutar meu pensamentos,
tatear minha alma.

Tão amedrontador e instigante
E suave e misterioso
Suas fronteiras bem demarcadas
E ainda assim ilimitado
a me prender com o desejo de libertar

E eu aqui, toda cheia de dedos
e pensamentos e vontades
e todos eles paralizados
sob a sombra da sua brancura sem sombras
tentando lembrar como te preencher.

















sexta-feira, 5 de abril de 2013

De uma Guerra - BEDA #5







Gostaria que todos os mortos em guerra fossem mortos de cansaço
...que a trégua fosse concedida cada vez que alguém não conseguisse parar de gargalhar
... que as fardas obrigatórias fossem pijamas
e camuflagem fosse sujar a cara de brigadeiro
... que as munições fossem penas, e fronhas
... que os prisioneiros sofressem torturas de cosquinha
... que os irmãos mais novos fossem café-com-leite
... que as metralhadoras metralhassem pipoca
... que artilharia pesada fossem ursinhos de pelucia
... que o único medo fosse o de acordar os vizinhos com o barulho
...que o objetivo não fosse a vitória, mas a diversão
E que a única guerra conhecida pelo homem Fosse a Guerra de Travesseiros.

***


Pois é...

Eu descobri que amanhã é Dia Internacional da guerra de Travesseiros.

Of not knowing - BEDA #4

So...

My parents have been talking about getting a stable job, what means studying to a tryout at a government organization, hoping I score enough points to get in, and have a nice career in front of me.

The thing is... I don`t think I want it. I don`t want to go to the same place everyday, do the same thing, work to the same people... The idea terrifies me.

If I couldn`t stay more than a year a team sport, how can I know if I`m going to be able to not BORE myself out in a job like those? I mean... I still have so many things to do, and places to see, and people to meet, and experiences to live...

So today I found out Bryarly feels the same way... And she`s done way more than I, so COME ON!

anyway, just watch her video...



quarta-feira, 3 de abril de 2013

De onde termina um rio - BEDA #3

       Então, há poucos meses, uma livraria perto de casa avisou que ia fechar. na última semana, ela vendeu todos os livros do estoque pela metade do preço. Não era uma das melhores livrarias, nem tinha muitos lançamentos, mas eu passei pra dar uma olhada (livros baratos, quem resistiria?) Acabei saindo de l[a com 3 livros na primeira visita (cortesia de mamãe) e mais 5 na segunda visita (obrigada, papai), além de uns 2 pra minha irmã, que ela deu de presente pra umas amigas.

       Admito que alguns eu comprei simplesmente por causa do preço, embora tenha conseguido alguns que vinha procurando, como o ultimo volume da série A mediadora, da Meg Cabot (sim, sou dessas, às vezes) e dois volumes dos Mundos de Crestomanci, que eu tinha conhecido na bienal do livro retrasada.

     Sobre aqueles que comprei por causa do preço, foi simplesmente pq a sinopse, a capa ou o autor me interessaram superficialmente e o preço me deixou arriscar com livros que eu não tinha tanta certeza se gostaria (muitas vezes descubro pérolas assim), e um deles foi Onde termina o rio, de Charles Martin.


   
    O livro é sobre o último desejo de uma mulher em estado terminal: completar uma lista 10 de desejos simples em seus últimos dias de vida, o mais dificil deles sendo descer o Rio St Marys inteiro, desde a nascente, até o oceano Atlantico, numa canoa conduzida pelo seu marido, um pintor que havia sido guia de barcos no rio durante anos.
   Alternando entre a dificil jornada rio abaixo, a jornada que os levou até ali e a historia do rio que percorrem, o narrador em primeira pessoa (Doss, o marido) nos apresenta sua esposa cativante e indomável, sua mãe persistente e forte, e sua própria incapacidade de reconhecer seu talento e se enxergar da maneira que essas duas mulheres sempre o viram.

  Sei que pode parecer um tema recorrente entre os livros que eu leio, mas esse tipo de ficção tão próxima da realidade que poderia acontecer com qualquer um me prende de uma maneira especial. Eu posso sentir os cheiros do St Marys, os calos nas mãos de Doss, ouvir a respiração pesada e sentir o cansaço e o esforço de Abbie, tocar com as pontas dos dedos as águas cor de café do rio. 
  Eu pude ver com detalhes a pintura de Rosalia, os longos cabelos negros, o olhar suave, a pele enrugada, os ombros erguidos. Posso ver o rio como a mãe de Doss o vê, como a salvação de seu filho, e o presente que ela foi capaz de dar... 

   Posso descer o rio com eles,acompanhando suas dificuldades e testemunhando a jornada que os levou até ali... Sou uma terceira passageira naquela canoa.



Às vezes preciso de uns dias pra me recuperar de um livro.




terça-feira, 2 de abril de 2013

De Um sonho - BEDA #2


Hoje tive um sonho engraçado.

No geral, se a gente lembra de um sonho e pensa um pouquinho sobre ele, dá pra imaginar de qual filme/livro/situação surgiu pelo menos um dos elementos daquele sonho. Pelo menos é como acontece comigo. Mas no sonho de hoje, eu não tenho verteza de onde tirei um dos elementos.

Sonhei que uns olheiros de arte (um homem e uma mulher) viriam avaliar os quadros de um amigo meu. O amigo era meu vizinho de frente da infancia, que não mora no mesmo predio faz uns 10 anos (eu me mudei de lá poucos meses depois dele). Independente disso, lá estávamos, os dois e ambas as famílias (o pai dele estranhamente vestido todo de preto, com pulseiras estilo coleira de cachorro, meio metaleiro), tentando arrumar espaço na sala pra expor as mais de 60 telas pintadas por ele.
Eram telas dos mais variados tamanhos, coloridas ou em preto e branco, e eu podia ver claramente o desenho de muitas delas. Temas cotidianos estavam representados ali, imagens dele pequeno, de sua irmã, e de pequenas coisas relembrando a nossa infancia, e eu tinha a todo momento a estranha sensação de que um dos quadros tinha uma pintura da miha pessoa, mas era como se esse quadro eu nunca conseguisse olhar diretamente.
Depois de varias tentativas e da decisão de tirar todos os moveis da sala, chegaram os olheiros e gostaram bastante de alguns quadros. os quadros que eles gostavam, faziam uma marquinha na areia (de repente todos os quadros estavam dispostos em cima de montes de areia que batiam na altura do meu peito), e após a saída deles, tínhamos que correr e separar os quadros antes que a areia desmanchasse a pequena marca.
Daí eu acordei.

Acordei achando estranho o meu vizinho, que estuda medicina e que eu nunca vi desenhar nem uma casinha ser um pintor em meu sonho, o pai dele, um senhor agradavel e barrigudo, um metaleiro maquiado, e eu uma especie de ajudante de galeria de artes.

Por fim, acho que posso relacionar as pinturas com um livro que li recentemente, em que o personagem principal é pintor... Mas porque meu vizinho? E as imagens? E a areia?

Seria a areia símbolo da facilidade com que os quadros da minha infancia se vão? levados pelo tempo como grãos de areia ao vento, que eu corro pra alcançar antes que se desmanchem? Os quadros uma tentativa de recuperar um tempo perdido, um tempo que se esvai, e que já se foi? Talvez eu esteja interpretando demais, ou sonhando acordada, mas eu queria encontrar pelo menos a razão de ter sonhado com esse menino, meu companheiro de leituras de tanto tempo atrás, com quem eu não falo faz mais de um ano...





segunda-feira, 1 de abril de 2013

De um BEDA #1

Então, eu resolvi entrar nessa do Blog Every Day April (Blog todos os dias de Abril)

Não sei se vai rolar, e eu tenho a tendencia natural a deixar de fazer coisas long-term engaging, mas resolvi tentar porque sou dessas.

Lá vai.

Bom, hoje é primeiro de abril, e eu sou péssima em piadas de primeiro de abril (sério, minha prima de 5 anos tem timing melhor que o meu desde que ela tinha 3), então vou só mostrar pra vocês algumas piadas que achei legais hoje:

#1 ) Google Nose

Aplicativo de aromas do Google. Se vc entrar na seção de ajuda, o quarto ítem é - Hoje é o Dia da mentira!

#2) Sci Show news

Não sei como o hank conseguiu falar isso tudo sem rir, mas o do Sci Show é muito bom tb!

 


uma faculdade canadense anuncia a retirada de todas as cadeiras de salas de aula e reunião da faculdade, para incentivar hábitos mais saudáveis ao forçar os alunos a ficarem de pé. (Detalhe que no final do vídeo, o "local de armazenamento " das cadeiras é a data de 01/04/2013)


Bom, isso é tudo! 
Vou programar esse post pra sair bem no finalzinho do dia, e não spoilear o primeiro de abril pra ninguém. Divirtam-se com as pegadinhas!

E um bom BEDA pra nós!




 dftba
 



domingo, 31 de março de 2013

De desculpas e desculpas e cometer o mesmo erro

Pois é... faz séculos que não passo por aqui...

Mas esse blog nunca foi pra fora, sempre foi pra mim... Se tem alguém por aí que ainda me acompanha ou tem curiosidade pelo que eu escrevo, me desculpa, pessoal (mais uma vez)

Dessa vez não vou prometer escrever mais, ou regularmente, vou só assumir que se parei de escrever é pq encontrei do lado de fora da pagina em branco distração suficiente para manter ocupadas minha mente e dedos e palavras.

E isso é bom. Ou não.

Enfim, lembrei que gosto de ler as coisas bobas e reflexivas que escrevo aqui, que escrevo pra vocês pra fingir que não estou escrevendo pra mim.

E isso é tudo.

Fim

sábado, 30 de março de 2013

De uma razão para os poemas



A verdadeira razão dos poemas

Dizem que os poetas -e, por extensão, os escritores- são movidos pela intensidade da dor que sentem ao escrever.Eu concordo.Sem a melancolia, a tristeza, os mais belos poemas do mundo seriam meros versos varridos pelo tempo. Passados, esquecidos.
Há, porém, dois tipos de tristeza no coração do escritor- bem sei eu, posto que o sou. A primeira é a mais conhecida, aguda tristeza que dói nos olhos, garganta, coração...Aquela que formiga os dedos e atrai o lápis à mão.A tristeza que nos impele a escrever, transpassar a dor e tornarmo-nos imortais, ou simplesmente admirados por alguns amigos, que nem toda dor é tão intensa e nem todo escrito é eterno.
A segunda, talvez menos conhecida, entretanto não menos real , é a dor que nos faz ler. Grave, profunda, devasta o peito, deixando-o vazio. Não derrama lágrimas, é muda e soturna, fria. É quando sentem tal tristeza, que os escritores mudam de lado. Procuram nas palavras alheias- ou nas próprias, quem sabe?-um conforto. Palavras que definam o que acontece, no momento em que os dedos falham e o lápis desaparece.
            Nesses momentos em que a dor não cria, apagados e meramente mortais, a razão da escrita se mostra, nua e clara. Não, nós não escrevemos para nos expressar.Não escrevemos para os leitores, nem ao menos para virar imortais.
            Escrevemos para nós mesmos, para quando precisarmos beber dessa fonte que jorra do peito de cada poeta, escritor,compositor.
E as palavras nos servem, doces, amargas, em todos os momentos e em cada tipo de tristeza...infinitamente.