sexta-feira, 20 de maio de 2011

De celulares tocando nos bolsos dos outros




Era missa de lava-pés, na quinta-feira santa, da última páscoa.

Poucos minutos antes do início da missa, senti meu celular vibrar com uma daquelas mensagens automáticas de quando alguém manda um post pelo twitter. Agradecendo a Deus por ter acontecido antes da missa começar (embora tenha sido apenas um vibrar percebido por ninguém mais além de mim), desliguei o celular, coisa que não costumo fazer até porque não costumo levar o celular para a igreja.

Enfim, celular devidamente desligado, sentimento moral e religioso de boa moça, fui curtir a minha missa.

Lá pelas tantas, mais ou menos na hora do ofertório, ouve-se um barulhinho de celular ao longe. Todos num raio um metro olham ao redor, procurando o aparelho perturbador e a pessoa de má índole moral e religiosa, inclusive eu, só para depois concentrar meu olhar à frente, pensando como era bom ter desligado meu aparelho.

Ainda assim, o insistente barulho continua, e eu me pergunto se não seria a mesma música do meu celular. Mas era um som baixo e difuso, e a música é conhecida dos adolescentes (cortesia de quando a minha irmã passou 3 meses com o meu aparelho), deixei pra lá.
Os segundos desconfortáveis se alargavam, até que a senhora ao meu lado me cutucou e apontou para o meu bolso. Quase - mas não- arrogante, murmurei que eu o havia desligado, mas por desencargo de consciência, retirei-o do bolso.

Qual não foi a minha surpresa ao perceber que era sim meu aparelho o perturbador da calma e dos bons costumes!!!!

Desliguei o despertador sem demora (era isso que era, o despertador) e lembrei quase imediatamente de ter programado o despertador para aquele horário no dia anterior, pois iria filmar a apresentação da turma da minha irmã na escola.
Só não havia reparado que o despertador estava configurado para tocar em todos os dias da semana. (Ooops!)

Como sempre, num rompante de reflexão epifânico ao estilo clariceano, eu me pus a pensar.
E pensei em quantas vezes somos os que olham reprovadoramente para os vizinhos, esperando de testa enrugada quem vai se acusar de ser o pertubador da paz, aquele que quebra o silêncio com seu barulho perturbador.

Quantas vezes somos aqueles que reprovam os que ousam nos tirar da calmaria de um momento, e quantas vezes reclamamos do barulho do mundo ao nosso redor?
Mas esse episódio me fez pensar: Quantas vezes o causados desse barulho irritante que nos rodeia somos nós mesmos?

Prestemos atenção ao nosso comportamento: pode ser que o barulho que nos perturba saia de nossos próprios bolsos....

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